quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Palmas ao fracasso

Andréa nunca soube dizer qual filho amava mais.
Luciano, agora com quinze anos, um excelente aluno, ótimo filho e magnífico atleta.
Sem prejuízo de seu desempenho nas disciplinas curriculares, sempre foi “vidrado” em esportes de maneira geral e no vôlei, de forma específica. Por uma partida, paga qualquer preço e, seja qual for a renúncia que a mesma imponha, sabe cumpri-Ia com extrema dignidade e sem jamais reclamar.
Alexandre, com doze anos, é deficiente físico. Arguto, inteligente, extremamente carinhoso e com empatia que chega às raias da paixão, segue sua vida limitada pela cadeira de rodas. Da cintura para cima é perfeito e, mesmo com suas deficiências motoras, consegue ser um verdadeiro ídolo de seus colegas, sempre chamado para qualquer festa e envolvido em todas as participações e bagunças promovidas por sua turma.
Andréa está vivendo com os filhos uma fase de euforia. Luciano, após muita luta, foi convocado para representar seu país nos jogos internacionais de vôlei que se realizará, no mês de julho, em Helsinki. Alexandre, após exaustivos exercícios nas barras paralelas, conseguiu, afinal, caminhar dois metros sem o uso da cadeira. É, ainda, muito pouco, mas com persistência e muitas horas de fisioterapia conseguirá, quem sabe um dia, manter-se em pé por alguns minutos.
Qual dos dois sucessos empolga mais Andréa?
Impossível dizer. Não existe como comparar a seleção brasileira de um e os dois metros vencidos pelo outro. O que a torna eufórica com o desempenho de seus dois heróis são, essencialmente, seus progressos e não seus resultados. Luciano é Luciano e Alexandre é Alexandre e, jamais, o limite de um servirá de parâmetro para o limite do outro.
Nem todos os professores pensam assim...
Avaliando seus alunos pelos rígidos limites de uma nota, descobrem apenas o ponto máximo a que podem chegar e não a dimensão do progresso de cada um durante o ano letivo. Se um de seus alunos “cresceu” muito durante o ano e a bagagem de conceitos que domina é o dobro dos que dominava há um ano, isso de nada vale diante do parâmetro absoluto e tirano de uma nota que define o limite da reprovação.
Para professores assim, apenas Lucianos interessam...
- Progrediu muito, mas não pode passar. Não chegou à média cinco. Parabéns para um outro colega que, durante o ano, apenas regrediu, mas cujo resultado ultrapassou o absurdo número-limite.

Marinheiros e Professores - Celso Antunes

13 comentários:

  1. Pode-se perceber, mais uma vez, uma crítica a burocracia da avaliação, que restringe-se apenas em quantificar o desempenho do aluno sem ao menos se preocupar com o desenvolvimento deste, de conteúdo a conteúdo, de unidade a uinidade, de ano a ano, de série a série.
    É preciso com que o educador(professor) esteja atento para que mesmo que o aluno não tenha alcançado a "média", burocrática, este por sua vez possa ter tido um enorme avanço em seu aprendizado. Resumindo, o aluno possa ter alcançado seu objetivo - aprender, porém possa não ter alcançado uma média, devido aos meios fadonhos de avaliação.

    By Fredson.

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  2. Muitos professores medem o conhecimento dos seus alunos pelas suas notas, sem levar em consideração todo o seu desenvolvimento durante o ano letivo. Infelizmente o que interessa é o quantitativo e não o qualitativo. O que interessa é um indice, um número.Este pensamento influencia bastante na formação destes alunos, eles saem da escola como pessoas que conseguiram alcançar uma nota, sem que esta nota esteja interligada com o seu conhecimento

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  3. Lara

    De acordo com o texto, podemos observar o crescimento dos irmãos,' os heroes' um com toda a sua normalidade e outro mesmo sendo deficiente fisico vence varias barreiras.
    Em comparação com a sala de aula, onde existem alunos que progridem e alunos que regridem, o autor mostra que muitos professores não observam se o aluno teve um crescimento durante o ano letivo ou se apenas alcançou a media, com altos e baixos. Muitas vezes o aluno progrediu mais não alcançou a media, infelizmente muitas vezes esse crescimento não é observado pelo professor.

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  4. O texto nos mostra a dura realidade em nosso sistema de educação, onde as estatísticas globais são levadas mais a sério do que os resultados individuais, nem sempre uma boa nota representa um avanço, pois um aluno que sempre obteve resultados anteriores excelentes não progrediu ao obter nota 7, enquanto uma aluno que sempre obteve notas abaixo de 2 , passar a obter uma nota 5, este sim nos mostrará grande evolução, porém essa não é a métrica adotada para avaliar os alunos e seu crescimento educacional.

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  5. Pode-se perceber com o texto que o que importa realmente é a evolução e o crescimento de cada aluno. A nota serve apenas como instrumento burocrático para parametrizar e fazer comparações que em nada fazem crescer o aluno.
    A evolução de cada aluno, por menor que seja é motivo de comemoração e aplausos, pois cada um sabe a dificuldade que tem em crescer. Nós, como futuros professores, devemos ter a sensiblidade de perceber a evolução de cada aluno e parabenizá-lo e incentiva-lo a crescer mais. Como também devemos perceber a involução e buscar resgatar este aluno para que o mesmo volte a evoluir.

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  6. Poxa vida! O pior que esse texto mostrar a realidade de muitos professores e alunos que nós conhecemos no nosso cotidiano. Mas o mais importante é que estamos discutindo isso agora para não errarmos mais tarde.

    abraçao galera

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  7. Com respeito à reprovação, o trabalho deve ser contínuo. O professor deve fazer com que o aluno receba apoio necessário à aprendizagem o ano todo. Com respeito a “passar de ano”, isso só deve ser feito quando o aluno realmente tiver aprendido de verdade. Aí que entra o papel da avaliação, pois mostra as verdadeiras dificuldades dos alunos e as reais necessidades deles. A avaliação deve ser uma forma de mostrar em que pontos você pode melhorar para contribuir para o aprendizado do aluno. Jamais deve servir como instrumento de reprovação.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Dura realidade o avanço ao contrario do texto pouco significa, no sistema em que temos a nota fala mais alto, muitas vezes o aluno teve desenvolvimento significativo porém sua média alcançou o desejado, ficando assim impossibilitado de continuar crescendo, sendo desestimulado e mais uma vez excluído pois é assim que muitos se sentem incapazes.

    abraços prática II
    SAUDADES

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  10. Voltamos então a falar de AVALIAÇÃO, assunto bastante polêmico e que nos remete a uma enorme reflexão!
    Bom,como já disse algumas vezes: SOMOS DIFERENTES, podemos até sermos SEMELHANTES, mas não somos IGUAIS!Então por este motivo o professor tem que saber articular seus métodos avaliativos, levando em consideração o que o aluno consegui apreender do que foi ensinado, porém, a maioria dos educadores internalizam a ideia de que o importante é o valor que o aluno possui, como o texto nos mostra essa realidade já esta se tornando ultrapassada!

    Abraços

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  11. O texto no mostra a importância do processo evolutivo.
    As pessoas são diferentes, suas limitações e dificuldades também, o que para um pode ser fácil, para outro pode ser uma grande dificuldade, e vencer essas dificuldade é um grande passo.
    Assim como foi mostrado no texto também acontece na escola, para um aluno que possui dificuldade de aprendizagem, qualquer passo que se dá já é uma grande vitória, e já aquele que tem facilidade esperamos mais.
    O que nos faz comemorar um avanço é o quanto foi difícil o que se era desejado.

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  12. A questão da avaliação escolar é ainda tema de muitas discussões. É uma prática comum a utilização de provas com pontuação para determinar se o aluno conseguiu aprender ou não tudo que lhe foi ensinado. Por outro lado, esquecem de que o processo de ensino / aprendizagem é algo que ocorre gradativamente, da interação entre e educando e educador resulta o saber e os EDUCADORES são sim capazes de avaliar a "quantidade" de aprendizagem do aluno ocorrendo então a avaliação qualitativa sobre a quantitativa.

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  13. No entanto alguns professores querem medir o conhecimento dos seus alunos somente com o ato de aplicar provas e exames.. Afim de obter uma nota no final para aprovar ou reprovar o aluno. De forma que essa avaliação deveria ser constante não somente naquele momento.

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