quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

É culpa do paciente. É claro

- Você sabe, Maria, eu estou desolada. Adoro o Rafael, descobri que ele é o homem da minha vida, e agora o mundo desaba sobre nossa cabeça com esse maldito processo. Estou arrasada e com muito medo de que o meu Rafa vá para a cadeia...
- Espera aí. Eu estou fora do assunto. Por que estão processando o Rafael? O que houve com seu trabalho na farmácia?
- Ah, Maria. Uma loucura causada por pessoas ignorantes. O Rafael, como você sabe, adora fazer experiências com remédios. E não é que, há mais ou menos um mês, misturando certos sais com um xarope, ele acabou inventando um sensacional remédio para provocar rápido emagrecimento. A descoberta é extraordinária e, ainda há poucos dias, fomos comemorar essa invenção que vai levar o Rafa para as primeiras páginas dos jornais do mundo e, certamente, garantir-lhe um prêmio Nobel. E agora, com esses malditos a processarem-no, tudo pode desabar... Estou inconsolada.
- Mas, calma. A verdade sempre vence. Explique-me, por que o processo? Os pacientes não emagreceram com o remédio?
- Ah, isso é impossível saber. Todos os pacientes, logo após as primeiras colheradas do remédio, morreram e agora seus familiares querem processar o Rafael. É um absurdo, pois se morreram, como podem saber se o remédio fazia efeito ou não?
- Deus meu! Quantos pacientes usaram o remédio do Rafael?
- Nove, ao todo. Um, ainda ontem, estava em coma. Hoje já deve, como os outros, ter morrido. E não é que seus parentes, estúpidos, querem pôr a culpa no remédio? O Rafa é ótimo, o remédio excelente, os pacientes morreram apenas porque são maus pacientes. Culpa deles, é claro.
Isso também acontece com alguns professores.
Existem os que acreditam que suas aulas são maravilhosas e que somente os “maus” alunos não as aproveitam. Se ficam reprovados, estão certos que tal acontece porque assim o querem ou porque não merecem a aprovação. Esquecem que a aprendizagem é uma conquista pessoal, e, o que é fácil para alguns, nem sempre o é para todos. Acham que seus métodos são perfeitos, os alunos são reprovados porque são maus alunos. Também, culpa deles, é claro.

Celso Antunes

10 comentários:

  1. Com o texto pode-se perceber que existem dificuldades que estão ligadas à questão da aprendizagem. Essas dificuldades envolvem: falta de base, aulas desinteressantes, sistema de avaliação, questões psicológicas e relacionamento com os professores e colegas. Sem falar das relações familiares. O aluno deve ser orientado a vencer os desafios naturais da aprendizagem, podendo assim ter seu potencial valorizado. Desta maneira o aluno terá a oportunidade de mostrar que pode aprender.

    ResponderExcluir
  2. O texto nos trás a questão de que, o educador, nesse caso o professor, deve ter sensibilidade e humildade ao lecionar suas aulas pois o aprendizado é individual e diferente de aluno pra aluno. Por isso, o professor deve usar de recursos para que todos possam de alguma forma, assimilar o que foi transmitido.
    Um exemplo a essa questão são aqueles professores que ao serem questionados sobre uma dúvida,repetem o que foi explicado, da mesma maneira que explicou a primeira vez, ou seja, não tentam mostrar o conteúdo de outra maneira, com outro recurso, ficando novamente o questionamento sem reposta.
    No caso da educação, isso sem passa sem "maiores complicações", o que não foi o caso do farmacêutico, cujos pacientes pagaram com a vida. De certa forma, os alunos pagam com a "vida", pois a falta de aprendizado faz com que eles sintam dificuldades nos anos posteriores, o que pode acarretar problemas bem maiores.

    ResponderExcluir
  3. O educador deve ficar atento as questões ensino aprendizagem, quando algo não vai bem é necessário fazer uma auto avaliação, ter em mãos um planejamento flexível, ajuda para tornar seu trabalho mais justo e realizar com coerência e compromisso, é melhor mudar o método, estudar mais sobre o assunto, do que continuar com ele, e levar direto ao fracasso, pior que depois será difícil assumir de quem foi o erro, ou melhor o aluno sempre fracassa, o professor sempre está certo.

    ResponderExcluir
  4. Bom, muitos profissionais quando veem seus alunos sendo reprovados, dizem que a culpa foi deles , porque não estudaram, não frenquentaram as aulas, não prestaram atenção. Isso realmente acontece, claro muitas vezes eles estao certos, perderam porque n foram realmente a aula, mais será que isso acontece sempre? Será que o erro é apenas do aluno? Creio que na Educação escolar, se um aluno é reprovado essa recuperação é culpa de ambas as partes, do aluno que muitas vezes não procura conversar com o professor para expor suas duvidas, suas ideias, e é culpa também do professor por não perceber que o seu aluno esta com dificuldade, dificuldade talvez de se socializar com os outros, dificuldade de entender o conteudo, problemas familiares, entao pra mim a culpa vem de ambas as partes.

    ResponderExcluir
  5. Em uma sala de aula, vamos ter alunos que tenham dificuldades para acompanhar determinadas matérias, outros com facilidades. Por saber disso, o professor deve esta sempre se auto avaliando, pois e muito importante para o desenvolvimento da classe. Se os alunos não compreendem tal assunto, deve-se buscar meios para um melhor entendimento. O professor também deve estimular seus alunos a participar das aulas para que ele possa ter um feed-back sobre suas aulas. Não podemos permitir que sejamos como o farmacêutico, precisamos nos conscientizar de que somos responsáveis pela vida dos alunos.

    ResponderExcluir
  6. Para que um professor tenha qualidade em seu serviço, é necessario que o mesmo busque maneiras de se melhorar.Como por exemplo fazendo auto avaliação, observando constantemente como os alunos se comportam e o grau de envolvimento da turma além de multiplicar os métodos didáticos, entre várias outras.No entanto é de essencial importância que o Professor, tenha consciência do que esta propondo a seu aluno, para que não aconteça como o Rafael que se tornou cego diante de sua grave falha. É claro que sempre vão existir falhas, até porque não somos perfeitos,mas temos que reparar o erro, devolvendo ao aluno aquilo que lhe foi "tirado".Isso nos mostra o quanto influênciamos na vida de um aluno.

    ResponderExcluir
  7. Isso que o texto nos diz acontece muito, ate mesmo no nosso curso. O problema para o mau rendimento dos alunos pode estar no professor. Mas percebo que existe também uma grande falta de interesse por parte dos alunos, eles nem tentam compreender o que o professor diz e já fala que esta difícil e que não entendeu nada. O professor hoje tem de fazer verdadeiros “malabarismos” para ter atenção, e conseguir a compreensão por parte de seus alunos.

    ResponderExcluir
  8. Alunos com dificuldades, são muito comuns hoje em dia nas salas de aula; dificuldades em fazer as quatro operações (somar, subtrair, multiplicar, dividir) ou ler e escrever usando a concordância (verbal ou nominal) correta. Quem tem culpa? Como explicar o aluno passar por todo ensino fundamental sem trazer consigo os conhecimentos necessários a continuação das séries seguintes? E o professor, como agir? Negando-se a ensinar o que não lhe "compete"? Rotulando alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem como maus, preguiçosos, de raciocínio lento, etc, etc, etc?
    Bons professores são aqueles que conseguem ensinar a todo tipo de aluno, desenvolvendo seu trabalho com responsabilidade, o que falta à muitos docentes.

    ResponderExcluir
  9. Nossa, este texto me traz lembranças do nível superior. Muitos professores nao reconhecem sua dificuldade em ensinar, em transmitir o conhecimento, em direcionar o aluno ao aprendizado, para eles é mais fácil dizer:
    - Vocês nao tem base!
    - Isso é assunto anterior, já deveria ser do conhecimento de vocês.
    Será que a dificuldade é realmente só nossa? E será que como educador, nao seria obrigação de cada professor sanar as dúvidas e dificuldades, para que o aluno possa aprender o que lhe esta sendo passado. Muitos acreditam que é mis fácil reprovalo. Que pena!

    ResponderExcluir
  10. Devemos perceber que como humanos somos falhos assim como nossos métodos, ao utilizarmos tais métodos devemos os despir de toda e qualquer vaidade para termos a humildade de perceber qual é a hora pra nos certificarmos de que um processo de aprendizagem é eficaz e quando este precisa de reparos.

    ResponderExcluir